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Provavelmente
já lhe aconteceu ver o seu cão descansado a dormir e, de repente,
começar a ladrar ou a ganir e as suas pernas começarem a tremer...
Será que ele estava a sonhar?
Muitos cientistas dizem haver provas
para apoiar esta ideia de que os cães realmente sonham. Durante
várias pesquisas, os cientistas através de um Eletroencefalograma (EEG)
observaram as ondas cerebrais dos cães enquanto dormiam, e acabaram
por descobrir que quando se tratam de padrões de sono e actividade das
ondas cerebrais, os cães são similares aos seres humanos.
Tal
como nós, os cães entram num estágio de sono profundo durante o qual a
respiração se torna irregular, acompanhada por movimentos rápidos dos
olhos (REM). É durante o sono REM que ocorre o sonho e, muitas vezes,
movimentos involuntários ocorrem tais como: movimentação das pernas
como se estivessem a correr; respiração ofegante; ganidos, suster da
respiração por breves períodos, entre muitos outros movimentos e/ou
sons que possa ter achado estranhos.
Nem todos os cães reagem da
mesma forma ao sonho. Várias pesquisas dizem que os cães de pequeno
porte podem sonhar em cada 10 minutos, enquanto um cão de grande
porte, um Golden Retrevier por exemplo, pode só sonhar a cada 90
minutos. Outro factor importante é que os cachorros têm mais tendência
para experienciar o sonho, o que acontece, muito provavelmente, por
estarem em constante processamento de novas informações e novas
experiências a cada dia que passa.
E afinal, sobre o que sonham
os cães? Como nunca tivemos o prazer de saber pelos próprios que
sonhos tiveram, só nos resta “adivinhar”. O mais provável é que os
cães sonhem da mesma forma que os seres humanos, ou seja, revivam as
actividades do seu dia-a-dia, como perseguir outros animais, brincar
ou comer.
E se alguma vez tiver vontade de acordar o seu cão
enquanto ele estiver a dormir e provavelmente a sonhar, tente
resistir: não o acorde. É que tal como os seres humanos, os cães
também precisam de um sono sem interrupções para ter uma actividade
mental saudável.
Compreender o seu cão
Os cães podem ser os nossos melhores amigos, mas são muito diferentes de nós.
Há
mais de 12.000 anos que os cães se têm relacionada com os seres
humanos, de forma muito próxima. É bastante provável que este
relacionamento se tenha iniciado cerca de 80.000 anos antes, desde o
momento que o homem tentou domesticar um dos antepassados do cão: o
lobo.
Muito embora o cão tenha tido a necessidade de se manter à
custa das suas capacidades de busca, guarda e caça, não há qualquer
dúvida de que mesmo nestes tempos ancestrais, o relacionamento com o
homem já envolvia sentimentos de afeição de parte a parte, confiança e
compreensão.
Para ajudar a compreender melhor o seu cão, aqui
ficam informações detalhadas e explicações sobre a forma como o seu cão
se comporta e de como interage com o seu meio envolvente.
Os sentidos do cão
No
meio selvagem, os cães sobreviveram graças à sua capacidade de caçar,
razão que fez com que os seus sentidos físicos se desenvolvessem de
forma que lhe permitisse fazê-lo de forma mais eficiente. A audição, a
visão, o toque e o olfacto são sentidos cruciais, que nos dias de
hoje, para o seu animal de estimação, estão desenvolvidos consoante as
necessidades da procriação selectiva. Por exemplo, os cães velozes,
como os Greyhound, Afghan e Saluki, todos caçam com base na visão e
perdem interesse na presa quando não a podem ver. Por outro lado, os
Bloodhounds, Basset e Beagles caçam pelo olfacto e perseguem um cheiro
– que pode ter quase uma semana – por horas a fio.
De facto,
todos os cães têm o sentido do olfacto muito desenvolvido – os seus
focinhos são tão sensíveis como os nossos olhos, no que se refere a
distinguir dois indivíduos. O cheiro não é só importante para
encontrar comida, mas também um dos meios de comunicação mais
importantes para o cão.
Embora consigam ver bem à distância – o
que é muito útil na caça – a maioria dos cães não consegue focar
objectos a cerca de 25 cms de proximidade. São capazes de distinguir
cores – muito embora tenham pouco contraste – e podem ver muito melhor
que os humanos, com pouca luz.
A sua capacidade para ver em
pormenor é muito limitada, mas os cães são muito sensíveis ao
movimento – ele pode não conseguir ver à distancia um objecto parado,
mas assim que se mover ele detecta imediatamente.
O ouvido de um
cão é muito desenvolvido, e ele pode ouvir não só uma maior
diversidade de frequências, como a muito maior distância, do que o
homem é capaz. Conseguimos perceber esta capacidade quando usamos os
apitos ultrasonicos no treino de cães. Os cães podem considerar altos
picos de ruído – tais como os que são produzidos pelos aspiradores e
outros electrodomésticos – como bastante incómodos ou mesmo dolorosos.
A capacidade de audição é superior nas raças que têm orelhas
espetadas, pois estas actuam como amplificadores para todos os sons
que ouvem, e ainda naqueles que conseguem rodar as orelhas na direcção
do som.
O sabor, tal como o olfacto, desempenha um papel
importante na escolha da comida que um cão prefere comer. A maioria dos
cães prefere uma grande diversidade de sabores, mas alguns preferem os
doces. Como a maioria dos mamíferos, os cães são sensíveis à
temperatura e à dor, e adoram um toque amigável. A sensibilidade do seu
corpo depende de cada cão, mas a maior parte gosta de palmadinhas à
volta da cabeça, no peito e nas costas. No entanto, muitos podem ser
defensivos em relação ao toque na sua cauda, no traseiro ou nas patas.
O olfacto
Os
cheiros no ar e na terra proporcionam a qualquer cão, uma diversidade
de informação sobre todos os movimentos das pessoas nessa localidade.
Eles são considerados os jornais diários locais. O cão pode comunicar
através do olfacto, de duas formas. A primeira tem a ver com os
cheiros que depositam nas fezes, na urina e nas secreções das
glândulas, que ficam no meio ambiente, para outros cães descobrirem; a
segunda tem a ver com o cheiro do próprio corpo, que contém
informação sobre si mesmos.
O acto de urinar, para um cão, não
serve simplesmente para esvaziar a bexiga. A maior parte dos donos já
se perceberam do desejo do seu cão levantar constantemente a perna e
depositar pequenas quantidades de urina, em vários locais. Isto
representa a marcação do território e um anúncio da sua presença. Ao
levantar a perna para urinar, ele deixa o seu cheiro ao nível do
focinho. As fêmeas também poderão levantar a perna para urinar, ou até
fazer uma pequena acrobacia, levantando ambas as pernas traseiras,
para deixar a sua urina num objecto vertical !
Tanto os machos
como as fêmeas, procuram vestígios de urina deixados por outros cães, e
podem eles próprios, fazer uma marcação do território, com a sua
urina – uma fêmea dominante pode mesmo ficar junto a outra fêmea que
está a urinar, para depositar a sua urina no mesmo sítio. Muito embora
a marcação do território não seja tão importante para o cão
doméstico, como seria para os selvagens, mas provavelmente inundar a
zona com o seu cheiro, ajuda o seu cão a sentir-se mais à vontade.
A
urina das cadelas também contém informação sobre o seu ciclo e a
receptividade sexual. Os cães machos, podem detectar e percorrer
grandes distâncias para encontrar uma fêmea com cio.
De uma forma
geral todos os odores corporais são um meio importante de comunicação
entre os cães. O cheiro oriundo da secreção das suas glândulas, por
todo o seu corpo – particularmente em volta da cara, da região do
ânus, e da cauda. Quando dois cães desconhecidos se encontram,
analisam-se detalhadamente um ao outro pelo cheiro, em especial na
zona da cabeça e do ânus. Quanto mais submisso for o cão, mais ele
colocará a cauda entre as suas pernas, para evitar que o outro o
cheire.
Linguagem corporal
Uma
das razões pela qual os cães são tão bons animais de estimação é por
terem uma extraordinária capacidade de comunicarem com os seres
humanos. Os cães de estimação veêm os donos como a sua família canina, e
são rapidamente capazes de compreender qual o nosso humor e as nossas
intenções. Compreendendo a forma como os cães comunicam uns com os
outros, permite aos seus donos decifrar correctamente aquilo que o seu
animal de estimação tenta expressar.
Os cães podem comunicar com
outros cães através de uma série de sinais, que incluem expressões
faciais, postura do corpo, ruídos e odores. O seu cão irá usar a boca,
os olhos as orelhas e até a sua cauda para exprimir as suas emoções.
Se conseguir ler a combinação de sinais do seu corpo, você pode
perceber quem é o cão dominante, numa situação de confronto.
O
cão que se está a sentir valente ou dominante tentará passa a
impressão de ser um animal maior e mais poderoso. Ele ficará em pé, com
as suas orelhas e cauda espetadas, enchendo o peito e até poderá
ficar com os pêlos, em volta do pescoço e ao longo das costas, em pé.
Poderá também abanar a cauda devagar a rosnar.
Por outro lado, um
cão submisso irá tentar parecer pequeno, quase um cachorro – os cães
adultos podem desprezar um cachorro, mas nunca o atacam.
A sua
aproximação a um macho dominante será normalmente feita pelo lado,
quase agachado junto ao chão, com a cauda para baixo e abanar com
entusiasmo. Ele poderá também tentar lamber as patas e a cara do macho
ou pessoa dominante, e se isto não lhe parecer suficientemente
aprazível, ele deita-se no chão e rebola até ficar com a sua barriga e
órgãos genitais expostos. Nesta posição, alguns cães chegam mesmo a
urinar-se ligeiramente.
Um padrão de comportamento muito
característico dos cães, e conhecido por quase todos, é o abanar da
cauda. A maior parte das pessoas sabe identificar uma cauda a abanar
freneticamente, como indicador de satisfação e de um cão amigável. Um
exagerado abanar da cauda, que se pode estender a todo o corpo, é
muitas vezes observado em cães subordinados – bem como em cães de
cauda muito curta.
No entanto, a cauda é também indicador de
outras emoções. Quando a cauda rígida e alinhada com as costas, que
abana devagar, expressa ira. Se estiver encolhida, junto ao traseiro
do cão, é sinal de que o cão está com medo. Os cães ansiosos ou
nervosos, podem abanar a cauda em baixo como sinal de satisfação.
A
postura natural do cão, tem sido modificada ao longo dos anos, com a
procriação e com o corte. Algumas raças – tal como Whippet e o
Greyhound italiano – seguram naturalmente a cauda numa posição baixa,
mas de uma forma geral seguram a cauda a uma altura de cerca 45 graus
em relação à espinha dorsal, o que expressa interesse e um estado de
alerta.
A expressão facial do seu cão diz-lhe muito sobre o seu
estado de espírito – se está ansioso ou excitado, assustado ou com
vontade de brincar, ou ainda uma diversidade de emoções que ele possa
expressar. As suas orelhas ficam em pé quando está alerta ou a ouvir
com atenção, mas ficam para trás ou para baixo quando expressa
satisfação, submissão ou medo. Para interpretar correctamente o seu
humor, deve estar atento a outros sinais do seu corpo ao mesmo tempo.
Se
os olhos do cão estão meio fechados e se aproximam, isto é indicativo
de prazer ou submissão, mas se pelo contrário os olhos estão bem
abertos, pretende agredir.
No estado selvagem, o líder da matilha
mantém o controlo apenas com o olhar fixo no cão subordinado. Os
animais continuam a olhar fixamente um para o outro, até que um
desafie o outro ou que baixe a cabeça e se afaste. Se mantém o olhar
fixo depois do cão submisso ter afastado o olhar, ele irá sentir-se
confuso e poderá morder, por medo. Se o contacto com o olhar não for
quebrado, o cão dominante reforçará a sua ameaça rosnando, ladrando ou
até atacando.
Não deve tentar fixar o olhar mais tempo que o seu
cão se ele está nervoso ou agressivo – isto pode provocar um ataque.
Por outro lado, um olhar meigo sossegará o seu cão e reforçará o vosso
relacionamento.
Os cães submissos ou de certas raças,
especialmente os Labradores, podem parecer sorrir quando abrem a boca
para mostrar os dentes, com os lábios numa posição amigável. Numa
expressão de agressão, os seus lábios ficam completamente afastados,
mostrando todos os dentes, podendo ser acompanhado de rosnar.
Um
cão mostrará a sua vontade de brincar, levantando uma pata da frente,
ou fazendo uma pequena vénia de brincadeira, que normalmente é
acompanhada de ladrar para chamar a atenção. Outros gestos podem ser,
oferecer um brinquedo ou outro objecto para brincar, ou ainda desafiar
outro cão para uma corrida.
Vocalização
Quase
após o nascimento, os cachorros começam a chorar emitindo uma
variedade de sons – a sua mãe sabe se têm fome, se estão zangados ou
com fome, pelo som que emitem. O primeiro som de ladrar pode ser
ouvido três a seis semanas após o seu nascimento. O seu cão ladra para
comunicar uma variedade de sentimentos – usa um som diferente para
cada situação. Ele ladra para avisar – para afastar intrusos ou
reclamar território – ou para cumprimentar, durante uma brincadeira ou
para chamar a atenção, de uma forma geral.
Um cão rosna para
emitir um aviso ou ameaça, ou para se defender. Nunca deve desafiar –
nem deixar as crianças aproximar – de um cão a rosnar, pois isto pode
provocar um ataque. Os cães podem rosnar quando estão a brincar com
outros cães, mas a sua linguagem corporal nesta situação é bastante
diferente, não havendo de todo qualquer sugestão de agressividade.
Alguns cães podem emitir um murmúrio semelhante a rosnar, quando são
mimados pelos seus donos, mas mais uma vez, ele está relaxado, não
demonstrando agressividade ou com intenção de atacar.
Um uivo é
um chamamento de longa distância que pode ser ouvido muito mais longe
do que ladrar. Um cão que uiva, está normalmente só e em busca de
contacto social de algum tipo. Choramingar e lamentar traduz
submissão, cumprimento ou dor; latir quer dizer dor ou derrota; ganir
num tom elevado quer dizer que está excitado, como acontece numa
perseguição.
Comportamento alimentar
Os
cães são caçadores carnívoros por natureza, muito embora sejam
bastante flexíveis com a sua dieta, no seu estado selvagem, podem
mesmo comer plantas ou bagas. Apesar dos meios pelos quais os cães
domésticos obtêm comida serem substancialmente diferentes daqueles que
os seus antepassados tinham, a mecânica do comportamento que está na
sua base pode ainda estar intacto, apenas com algumas modificações
derivadas do processo de domesticação.
Muito embora pareça que
alguns cães escolhem indiscriminadamente a comida que comem, existem
outros – especialmente os cães de raças muito pequenas ou muito
grandes – podem ser muito esquisitos na escolha. Os cães normalmente
preferem carne em oposição a uma dieta à base de cereais, apesar de
poderem preferir um tipo de carne em vez de outra. Eles gostam de uma
grande variedade de sabores, mas sentem-se especialmente atraídos por
doces ou comidas salgadas ou com sabor acentuado. O cheiro da comida
também é muito importante, uma vez que tem um efeito considerável na
degustação.
Muitos cães ficam muito felizes por comer o mesmo
tipo de comida todos os dias. Isto é perfeitamente aceitável, desde que
a sua dieta seja equilibrada e contenha todos os nutrientes
essenciais. No entanto, muitos cães gostam mais de uma dieta variada –
apesar das comidas que não lhe são familiares serem rejeitadas a
princípio, ou possam resultar em diarreia. A melhor opção, é usar uma
marca alternativa à que usa normalmente.
Muitos cães comem apenas
uma refeição por dia, mas rapidamente se adaptam a qualquer regime
estipulado pelo seu dono. Apesar de no seu ambiente selvagem chegarem a
passar vários dias sem ter uma refeição, a maior parte dos cães
prefere ter a sua ração diária dividida por várias refeições. Qualquer
que seja o regime que você segue, evitará problemas se tiver em conta
que a comida que ele come deve dar resposta às suas necessidades de
energia, assegurando que a sua dieta é completa e equilibrada.
A
maior parte dos cães tem tendência para comer demais, se lhe conceder
acesso ilimitado à comida, apesar de haver diferenças entre raças e
em cada cão individualmente. Isto pode ter a ver com a necessidade que
tinham no seu estado selvagem, visto não saberem quantos dias estariam
sem ter uma refeição. São muito protectores em relação à comida,
afastando especialmente, durante as refeições, os que consideram ser
os “indivíduos dominantes”. Em casa, o seu cão deve ser treinado,
desde cedo, a desistir da sua comida, sempre que lhe for pedido. No
entanto, as crianças devem aprender a não se aproximar do cão, sempre
que ele está a comer ou a mastigar um osso.
Comportamento sexual
Tal
como outros animais, os cães têm uma necessidade básica de se
reproduzir e manter a continuidade da espécie. No entanto, as fêmeas
só podem acasalar em alturas específicas, normalmente duas vezes por
ano, e a essa altura chama-se o cio. Por outro lado, os machos adultos
podem acasalar em qualquer altura do ano, se lhe for permitido andar à
sua vontade, ele pode chegar a percorrer longas distâncias para
encontrar uma cadela com cio.
Uma cadela está normalmente com cio
durante três semanas, e vai gradualmente se tornando cada vez mais
atractiva para os machos, durante este período. O seu comportamento
poderá também alterar-se e ela ficar irrequieta e muito excitável, mas
normalmente, não permite ao macho acasalar antes da segunda semana.
No entanto, cada cadela é diferente, e por vezes há cadelas que
autorizam o macho a acasalar logo mo primeiro dia do cio ou até ao
último dia. Nesse sentido, o melhor é assegurar-se que a sua cadela
está fora do alcance dos machos durante todo o período de cio.
Algumas
cadelas poderão evidenciar sinais de gravidez um ou dois meses após a
época do cio, mesmo que não esteja ou nem tenha acasalado. A isto
chamamos falsa gravidez. As cadelas afectadas podem mesmo produzir
leite e até apresentar outros sintomas de comportamento maternal, tal
como fazer “ninho” para as crias, reunir brinquedos ou outros artigos.
Procure o seu veterinário, para obter um conselho, se isto ocorrer.
Alguns
aspectos do comportamento reprodutivo dos cães podem ser um
verdadeiro incómodo para os seus donos. É aconselhável ponderar a
hipótese de esterilização ou outra forma de controlo reprodutivo, se
não deseja fazer criação com a sua cadela. O seu veterinário poderá
explicar-lhe as opções que tem ao seu dispor.
http://www.pedigree.pt/ |
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